O
olfato humano, capaz de discernir cerca de 10 mil fragrâncias, também
pode detectar uma das doenças mais letais da atualidade: o câncer. É o
que garantem pesquisadores israelenses, que desenvolveram um aparelho
que, através do cheiro, é capaz de apontar imediatamente se alguém sofre
de câncer de pulmão ou de estômago, sem a necessidade de exames
invasivos ou caros. O aparelho, desenvolvido em laboratório em 2007 por
especialistas da Universidade Technion, em Haifa (Norte de Israel),
começa agora a entrar na fase de produção com o nome de “Na-Nose” e pode
estar disponível nas prateleiras das farmácias até o final desta
década, diz o fabricante.
Em estudo com
37 pacientes com câncer de estômago, 32 com úlcera e 61 com outros
problemas estomacais publicado pelo “British Journal of Cancer”, o
aparelho conseguiu discernir as doenças e distinguir entre elas 90% das
vezes.
— Os resultados
desse estudo são promissores, mesmo que necessitemos de testes em mais
larga escala para confirmá-los — disse à BBC a diretora de pesquisas
clínicas do Centro de Pesquisas de Câncer do Reino Unido, Kate Law.
O aparelho
funciona como uma espécie de bafômetro. Os pacientes respiram por um
tubo e o aparelho analisa rapidamente cerca de mil gases que saem dele e
detecta se há algo de errado. O exame é feito através da mistura das
substâncias expelidas no hálito com nanomateriais — formados por
partículas microscópicas — específicos dentro do aparelho, através de
uma técnica conhecida como detecção por compostos orgânicos voláteis
(COVs).
Segundo o
inventor, Hossam Haick, da Unidade de Nanotecnologia do Departamento de
Engenharia Química do Technion, a máquina já passou por diversos testes
clínicos internacionais. Ele afirma que se inspirou na aparente
capacidade que cães têm de detectar certos tipos de câncer em seres
humanos, entre eles os de pele, bexiga, mama, ovário e pulmão.
— O problema é
que não podemos levar cachorros para dentro de hospitais por causa da
higiene. Fora isso, não temos como nos comunicar com cães de maneira
eficiente — explica Haick, de 37 anos, incluído na lista dos 35
cientistas jovens de mais futuro do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT) em 2008.
A invenção é
significante porque, atualmente, só é possível detectar a maioria dos
tipos de câncer através de tecnologias caras, à disposição apenas em
hospitais (como a tomografia computadorizada), ou de práticas invasivas,
como biópsias. Justamente por isso, o câncer acaba sendo diagnosticado
somente depois que os pacientes reclamam dos sintomas e, na maioria das
vezes, já é tarde demais para um tratamento efetivo. Com o aparelho
israelense, no entanto, será possível perceber os estágios mais iniciais
da doença, o que multiplicaria as chances de cura, segundo
especialistas.
O aparelho
também pode ajudar durante o tratamento anticâncer, monitorando as
diversas fases da luta contra a doença. O aparelho deve custar U$ 10
(pouco menos de R$ 20) e caberá no bolso.
Jornal Extra
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