segunda-feira, 11 de março de 2013

Entenda o caso Mércia Nakashima


Nesta segunda-feira (11), o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza começa a ser julgado pela morte de sua ex-namorada, Mércia Nakashima. O crime ocorreu há quase três anos, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. O réu nega o crime; a Promotoria, porém, sustenta que ele a matou porque a jovem de 28 anos, que também era advogada, não queria mais reatar o romance.
Mércia foi vista pela última vez viva em 23 de maio de 2010, após sair da casa dos pais em Guarulhos, na Grande São Paulo. Preocupados por não receberem notícia da advogada, parentes iniciaram as buscas por conta própria. A ausência de resultados fez com que registrassem o desaparecimento na Polícia Civil.
Policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começaram a investigar e ouviram, entre outros, Mizael. Ele foi até a sede do órgão, no Centro de São Paulo, dias após o sumiço, mas saiu rapidamente sem dar sua versão. Ele chegou a esquecer um documento de identidade no edifício. A pressa chamou a atenção dos investigadores.
Em 31 de maio, o ex-PM foi novamente chamado para depor. Dessa vez preferiu conversar com os policiais civis: contou que não sabia o que havia acontecido com Mércia e que, no dia e na hora em que a ex-namorada desapareceu, estava com uma prostituta em Guarulhos. A garota de programa nunca apareceu.
Represa
Após desaparecer em maio da casa dos avós, em Guarulhos, a advogada Mércia Nakashima foi achada morta em 11 de junho na represa em Nazaré Paulista (na foto, o irmão Márcio observa o corpo) . O veículo onde ela estava havia sido localizado um dia antes (Foto: Paulo Toledo Piza/G1) 
 
 
 
Corpo foi encontrado em 11 de junho de 2010,
em represa (Foto: Paulo Toledo Piza/Arquivo G1)
O mistério do desaparecimento teve uma reviravolta quando, em 10 de junho, o carro da vítima, um Honda Fit prata, foi encontrado por bombeiros no fundo de uma represa em Nazaré Paulista, cidade vizinha de Guarulhos. No dia seguinte, pela manhã, o corpo de Mércia foi localizado.

Mércia foi enterrada em 12 de junho, no Cemitério São João Batista, Centro de Guarulhos. Laudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML) indica que a advogada morreu afogada em 23 de maio após ter sido baleada e desmaiado. Ela não sabia nadar.
Pouco depois, um pescador prestou importante depoimento à polícia. O homem contou que, em 23 de maio, se preparava para pescar na represa quando viu um carro ser abandonado nas águas. Ele contou que ouviu gritos de "ai" antes de o carro submergir e que viu um homem alto, cuja face não conseguiu enxergar.

Entenda o caso Mércia (Foto: Arte/G1)

No fim de junho, a Justiça decretou a prisão preventiva do vigilante Evandro Bezerra Silva, de 38 anos. Ele era suspeito de ter se encontrado com Mizael na noite do crime e de posteriormente tentar extorquir a família de Mércia vendendo informações. Ele não compareceu ao depoimento marcado no DHPP. Apesar de alegar inocência, ele foi preso duas semanas depois em Sergipe e indiciado pelo crime.
Em 10 de julho foi a vez de a Justiça decretar a prisão temporária de Mizael. A defesa do ex-policial afirmou que ele é inocente e acrescentou que não iria se apresentar. Mesmo à revelia, é indiciado. Dias depois, a Justiça suspende a prisão temporária e Mizael volta a depor no DHPP; mais uma vez, nega a autoria do assassinato.
Em 27 de julho, a Polícia Civil concluiu o inquérito e pediu prisão do ex de Mércia. No começo de agosto, o promotor do caso, Rodrigo Merli Antunes, denuncia Mizael e Evandro à Justiça. A Promotoria também pede a prisão dos acusados.
O juiz Leandro Cano aceitou a denúncia e decretou a prisão preventiva de Mizael. Dias depois, porém, a Justiça revogou a decisão entendendo que Mizael pode responder em liberdade. O vigia Evandro obtém o mesmo direito e é libertado.
Provas
Agosto e setembro de 2010 foram meses importantes para a investigação do caso Mércia. No dia 11, a Polícia Civil fez a reconstituição do dia em que Mércia desapareceu. Segundo o delegado Antônio de Olim, que coordenou a investigação, a vistoria serviu para reforçar as contradições no depoimento de Mizael.
Vinte dias depois, a Polícia Técnico-Científica divulgou laudos e informou que o sapato de Mizael tinha alga da represa de Nazaré Paulista, onde corpo de Mércia foi encontrado. Essa evidência, porém, não influenciou na decisão dos desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo, que em outubro decidiram manter Mizael e Evandro livres.
A Vara do Júri de Guarulhos, porém,  decretou a prisão preventiva de Mizael e Evandro em dezembro. Os dois não foram encontrados e tornam-se foragidos. A defesa de Mizael tenta por diversas vezes em 2011 recorrer da decisão, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), mas sem sucesso.
Prisões
Mizael, escoltado por policiais, foi levado para um presídio militar.  (Foto: Reprodução / TV Globo)Mizael, escoltado por policiais, foi levado para
presídio militar. (Foto: Reprodução / TV Globo)
Após ficar mais de um ano foragido, Mizael se entregou em 24 de fevereiro no Fórum de Guarulhos. Por ser reformado na PM, ele foi levado para a Corregedoria da corporação e, depois, para o presídio militar Romão Gomes.
O vigilante Evandro foi preso em Alagoas em junho. Ele foi mandado para São Paulo e, no DHPP, contou que no dia do crime foi buscar Mizael na represa. O vigia acrescentou, porém, que não sabia que ele havia matado Mércia.
Em dezembro, a Justiça marca o julgamento de Mizael é marcado para 11 de março do ano seguinte. O júri popular será o primeiro a ser transmitido ao vivo pela TV, rádio e internet no Brasil, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo.

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